quinta-feira, março 17, 2005

Manchete de Jornal



Pela última vez.

Naquela noite ele chegou como sempre: Cara enfezada, olhos vermelhos e cheiro de álcool no corpo, ela estava cansada como sempre, cansada de ser dona-de-casa, cansada do marido, cansada da vida...mais uma discussão, gritos, ameaças, agressão. "Vou embora", disse ela. "Eu te mato", disse ele. Ela ficou com medo, medo de morrer, medo de ficar sem os filhos, isso tinha que acabar!

Amor, ódio, morte e uma picareta.

Ela esperou ele dormir, pensou bem no que iria fazer, olhou o marido mais uma vez, queria saber se ele realmente estava dormindo, saiu do quarto, foi até o quintal, pegou a picareta, voltou, ele dormia, seu corpo estava ali na frente dela, frágil, a vida dele lhe pertencia, ela ergueu a picareta, pensou em todo sofrimento pelo qual já havia passado por causa dele, lembrou da dor, do medo, até que não existia nada dentro dela além do ódio. Um golpe! Metal contra ossos, um crânio partido. Outro golpe! Metal contra carne, sangue, vida, morte.

Da ira ao desespero.

Acorda meninos!! Acorda!! O que você faria logo depois de matar o seu parceiro? Ela fugiu, fugiu com seus filhos, fugiu sem destino, fugiu para mundo, sem direção, não sabia o que fazer, ninguém podia ajuda-la, estava desesperada, procurou ajuda onde menos se imaginava, ela chamou a policia, eles chegaram, eles a levaram, ela foi presa. Presa porque cansou de ser humilhada, presa porque cansou de ser espancada, presa porque disse basta, presa porque matou. Porém, apesar de tudo isso, ela se sente livre.



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